terça-feira, 6 de maio de 2014

O "Noé Verdadeiro", ou o "Noé" Original! ou o Relato Original do Dilúvio (ou pelo menos o que temos conhecimento ser o mais antigo, atualmente) ;)

Voltando aqui. (e com a senha da Morgana pq a minha já era, rs - Fábio)

Tentar fazer um post não grande, a título de conhecimento pra quem ainda não é familiarizado com o assunto, já que saiu até filme esse ano (2014) sobre o Noé, e parece que o pessoal não gostou e disse que esse filme não é sobre o "Noé de verdade".

Pois é, vamos então falar sobre o "Noé de verdade"!

Só lembrar que meus posts aqui são geralmente sobre coisas estranhas, inexplicáveis, mas COMPROVADAS E ACEITAS PELA ARQUEOLOGIA MUNDIAL, embora deixadas de lado, porque não é interessante falar sobre certas coisas e tal. Enfim, vivendo, percebemos que a verdade, quando é falada, chateia MUITA gente, e que a mentira, apesar de ser mentira, é algo extremamente conveniente e aceito pelas pessoas, em geral, com relação à maioria das situações na vida mesmo.

Ok, todo mundo sabe quem "foi" Noé. (e não estou dizendo que ele não existiu ou que sua história não é verdadeira. Quero que você que está lendo isso, no fim do post, me diga, SEM EMOCIONALISMO E PARCIALIDADE. Sem vir citas versículos da Bíblia com "fúria divina" pra cima de mim, como um papagaio louco, espumando e repetindo o que sempre ouviu, sem nunca parar pra usar o próprio cérebro e muito menos investigar sobre o assunto em todas as fontes que dispomos hoje em dia).
O próprio apóstolo Paulo falou pra ouvirmos tudo o que for dito, analisar e ver se o que a pessoa fala tem base verdadeira ou não, não foi? MUITO ao contrário do que vi nas Igrejas a vida toda. Só nego engolindo o que quer que fosse falado com contemplação abobalhada, por mais ridículas que fossem as coisas faladas e mesmo contraditórias à própria Bíblia. Desde que fosse um qualquer de terno ou toga, com titulo de pastor ou padre que falasse, o que quer que fosse falado era completamente aceitável e mesmo irrefutável pela platéia inteligente e investigadora das muitas e muitas igrejas que frequentei e visitei pela vida.
Então, se algum desses "inteligentes" estiver lendo isso, não se prepare pra cuspir fogo, mas tenha a mente aberta e leia tudo, e no fim tire suas conclusões como uma pessoa normal. Um ser pensante, ok? Mesmo que seja  pela primeira vez na vida.

Recado dado, vamos às minhas fontes de sempre: arqueológicas (provadas) e história e mitologia.

Noé então teria sido um cara com quem Deus falou e deu a missão de salvar sua família e animais do dilúvio que estava por vir. O famoso dilúvio, que, como veremos aqui, faz parte da história de muitos e muitos povos, e os estudiosos ficam entre teorias, dentre elas: 1) que todas as histórias de dilúvio teriam se originado de um único e majestoso dilúvio, enorme o suficiente pra entrar pra história de todas ou da maioria das culturas da época;
2) que seria impossível um dilúvio mundial, e que esse tema aparece em diversas culturas, porque existiram diversos dilúvios menores (várias culturas antigas dizem isso mesmo, que houve vários dilúvios na história da humanidade) ou porque houve um dilúvio local, e ele foi vivido por diversos povos de um mesmo local, e foi propagado para outros povos, e se eternizou na história de todos esses povos; Ou ainda 3) o dilúvio pode ser um dos arquétipos universais que observamos na maioria das culturas, de que tanto falaram sobre o assunto os magníficos Joseph Campbell e Carl Jung, representando uma etapa da humanidade, talvez.
 Enfim, na versão bíblica, que é uma versão posterior e tal, ele teria sido para "limpar" a terra, que estava, já naquela época, "imunda" aos olhos de Deus. Então rola um genocídio mundial e vamos começar tudo de novo. É o resumo do negócio.

Mas vamos lá. Essa é a história que herdamos da cultura hebraica (e eu nunca soube porque a religião cristã ocidental "copiou" só uma parte da cultura hebraica e largou a outra pra lá. Se o cristianismo é baseado na cultura e história hebraicas (e já não é como o judaísmo) porque diabos só uma parte da cultura hebraica é "copiada" e outros elementos foram simplesmente deixados pra trás e ninguém fala sobre isso? (motivo pra outro post). 

Então... o povo hebreu surgiu quando Abraão migrou de Ur em direção à Palestina, ok?


E antes disso, antes do nascimento mesmo de Abraão, tivemos o aparecimento e mesmo extinção de alguns povos que viveram antes do surgimento do povo hebreu (isso comprovado arqueologicamente e tal), como os babilônicos, os assírios, os chineses, a civilização do Vale do Indo, os hurritas, o povo da Acádia, a civilização minóica em Creta, os egípcios... e os sumérios (Sumer abaixo)!

Foto tirada por mim (Fábio Matos) no Museu do Antigo Oriente Próximo, em Berlim

Os sumérios são o povo mais antigo que temos conhecimento hoje. Temos relatos sobreviventes desse povo, de sua cultura, de seus deuses, e de sua mitologia. Eles tiveram uma influência muito forte e óbvia na cultura dos povos ao redor deles e dos que viriam após eles, como o povo hebreu, que só veio a surgir muito depois. Os babilônicos e os assírios, por exemplo, foram completamente  influenciados pela cultura dos antigos sumérios (além dos acadianos ou acádicos, que absorveram mesmo a cultura suméria), e pra quem não tem conhecimento disso, o povo hebreu foi cativo dos babilônicos e dos assírios por muito tempo.  




Coisas como: 
- o sete como número de Deus, para os hebreus, já tinha o seu lugar entre os sumérios (ou seja, MTO antes do surgimento do povo hebreu); 
- o nome Éden, para o famoso Jardim do Éden, é derivado do acadiano Edinu, e significa "plano". Os acadianos foi outro povo que precedeu os hebreus e também sofreram muita influência dos antigos sumérios ou sumerianos, como alguns chamam. Dá no mesmo. Eu prefiro sumérios.

E por aí vai. Aí que é hora de nego apelar mas o que disse acima é comprovado pela arqueologia, então, não há o que discutir em termos de "linha do tempo" e tal. Infelizmente não consegui visualmente essa linha do tempo comparando o surgimento do povo hebreu com os povos pré-hebreus e tal, digamos assim, mas forneço o quadro abaixo, que dá uma noção não completamente exata do que foi dito anteriormente:



Bom, como tenho que resumir o máximo possível aqui pra não ficar um post gigante e chato pra alguns, tenho que omitir MTA informação e me focar no proposito do post em si. O "Noé original", digamos assim. Introduzida MTO por alto mesmo a civilização suméria, vamos a ele.


 ZIUSUDRA 
(em sumeriano, Utnapishtim em Acádico)


Nos poemas sumérios, além de um rei sábio, Ziusudra era sacerdote de Shurrupak; as fontes acadianas o descrevem como um cidadão sábio de Shurrupak. Ele é filho de Ubara-Tutu, e seu nome é
geralmente traduzido por "Aquele que viu a vida". Era o protegido do deus Ea, com a conivência de quem sobreviveu ao dilúvio na companhia de sua família e das "sementes de todas as criaturas vivas"; depois disso, foi levado pelos deuses para viver para sempre "na foz dos rios" e recebeu o epíteto de "o Longínquo"; ou, segundo as fontes sumérias, foi viver no Dilmun, onde nasce o sol.

(Então existiu (?) Ziusudra, que foi incorporado pelos povos acádicos, ou acadianos, com o nome de Utnapishtim, depois veio a versão babilônica dele, o Atrahasis, depois veio a versão hebraica dele, o conhecido e último desse pessoal todo aí, o famoso Noé.)

Voltemos então à epoca dos antigos povos da Mesopotâmia...

 

(seguem trechos da Epopéia de Gilgamesh)



...Gilgamesh então disse a Utnapishtim, o Longínquo: "Olho para ti, Utnapishtim, e vejo que és igual a mim; não há nada estranho em tuas feições. Pensei que fosse encontrar um herói preparado para a batalha, mas aqui estás, confortavelmente refestelado. Conta-me a verdade, como foi que vieste a te juntar aos deuses e ganhaste a vida eterna?" Utnapishtim disse a Gilgamesh: "Eu te revelarei um mistério; eu te contarei um segredo dos deuses."


O DILÚVIO SUMÉRIO

"Conheces a cidade de Shurrupak, que fica às margens do Eufrates? A cidade envelheceu, assim como os deuses que ali moravam. Havia Anu, o senhor do firmamento e pai da cidade; o guerreiro Enhl, seu conselheiro; Ninurta, o ajudante; e Ennugi, que vigiava os canais. Entre eles também se encontrava Ea. Naqueles dias a terra fervilhava, os homens multiplicavam-se e o mundo bramia como um touro selvagem. Este tumulto despertou o grande deus. Enlil ouviu o alvoroço e disse aos deuses reunidos em conselho: 'O alvoroço dos humanos é intolerável, e o sono já não é mais possível por causa da balbúrdia.' Os deuses então concordaram em exterminar a raça humana.
Foi o que Enlil fez, mas Ea, por causa de sua promessa, me avisou num sonho. Ele denunciou a intenção dos deuses sussurrando para minha casa de colmo: 'Casa de colmo, casa de colmo! Parede, oh, parede da casa de colmo, escuta e reflete. Oh, homem de Shurrupak, filho de Ubara-Tutu, põe abaixo tua casa e constrói um barco. Abandona tuas posses e busca tua vida preservar; despreza os bens materiais e busca tua alma salvar. Põe abaixo tua casa, eu te digo, e constrói um barco. Eis as medidas da embarcação que deveras construir: que a boca extrema da nave tenha o mesmo tamanho que seu comprimento, que seu convés seja coberto, tal como a abóbada celeste cobre o abismo; leva então para o barco a semente de todas as criaturas vivas.'

"Quando compreendi, eu disse ao meu senhor: 'Sereis testemunha de que honrarei e executarei aquilo que me ordenais, mas como explicarei às pessoas, à cidade, aos patriarcas?' Ea então abriu a boca e falou a mim, seu servo: 'Dize-lhes isto: Eu soube que Enlil está furioso comigo e já não ouso mais caminhar por seu território ou viver em sua cidade; partirei em direção ao golfo para morar com o meu senhor Ea. Mas sobre vós ele fará chover a abundância, a colheita farta, os peixes raros e as ariscas aves selvagens. A noite, o cavaleiro da tempestade vos trará uma torrente de trigo.'

"Ao primeiro brilho da alvorada, toda a minha família se reuniu ao meu redor; as crianças trouxeram o piche e os homens todo o resto necessário. No quinto dia eu aprontei a quilha, montei a ossatura da embarcação e então instalei o tabuado.



O barco tinha um acre de área e cada lado do convés media cento e vinte côvados, formando um quadrado. Construí abaixo mais seis conveses, num total de sete, e dividi cada um em nove compartimentos, colocando tabiques entre eles. Finquei cunhas onde elas eram necessárias, providenciei as zingas e armazenei suprimentos. Os carregadores trouxeram o óleo em cestas. Eu joguei piche, asfalto e óleo na fornalha. Mais óleo foi consumido na calafetagem, e mais ainda foi guardado no depósito pelo capitão da nave. Eu abati novilhos para a minha família e matava diariamente uma
ovelha. Dei vinho aos carpinteiros do barco como se fosse água do rio, vinho verde, vinho tinto, vinho branco e óleo. Fez-se então um banquete como os que são preparados à época dos festejos do ano-novo; eu mesmo ungi minha cabeça. No sétimo dia, o barco ficou pronto.

"Foi com muita dificuldade então que a embarcação foi lançada à água; o lastro do barco foi deslocado para cima e para baixo até a submersão de dois terços de seu corpo. Eu carreguei o interior da nave com tudo o que eu tinha de ouro e de coisas vivas: minha família, meus parentes, os animais do campo — os domesticados e os selvagens — e todos os artesãos. Eu os coloquei a bordo, pois o prazo dado por Shamash já havia se esgotado; e ele disse: 'Esta noite, quando o cavaleiro da tempestade enviar a chuva destruidora, entra no barco e te fecha lá dentro.' Era chegada a hora. Caiu a noite e o cavaleiro da tempestade mandou a chuva. Tudo estava pronto, a vedação e a calafetagem; eu então passei o timão para Puzur-Amurri, o timoneiro, deixando todo o barco e a navegação sob seus cuidados.

"Ao primeiro brilho da alvorada chegou do horizonte uma nuvem negra, que era conduzida por Adad, o senhor da tempestade. Os trovões retumbavam de seu interior, e, na frente, por sobre as colinas e planícies, avançavam Shul-lat e Hanish, os arautos da tempestade. Surgiram então os deuses do abismo; Nergal destruiu as barragens que represavam as águas do inferno; Ninurta, o deus da guerra, pôs abaixo os diques; e os sete juizes do outro mundo, os Anunnaki, elevaram suas tochas, iluminando a terra com suas chamas lívidas.
Um estupor de desespero subiu ao céu quando o deus da tempestade transformou o dia em noite, quando ele destruiu a terra como se despedaça um cálice. Por um dia inteiro o temporal grassou devastadoramente, acumulando fúria à medida que avançava e desabando torrencialmente sobre as pessoas como os fluxos e refluxos de uma batalha; um homem não conseguia ver seu irmão, nem podiam os povos serem vistos do céu. Até mesmo os deuses ficaram horrorizados com o dilúvio; eles fugiram para a parte mais alta do céu, o firmamento de Anu, onde se agacharam contra os muros e ficaram encolhidos como covardes. Foi então que Ishtar, a Rainha do Céu, de voz doce e suave, gritou como se estivesse em trabalho de parto: 'Ai de mim! Os dias de outrora estão virando pó, pois ordenei que se fizesse o mal; por que fui exigir esta maldade no conselho dos deuses? Eu impus as guerras para a destruição dos povos, mas acaso estes povos não pertencem a mim, pois fui eu quem os criou? Agora eles flutuam no oceano como ovas de peixe.'

Os grandes deuses do céu e do inferno verteram lágrimas e se calaram.

"Por seis dias e seis noites os ventos sopraram; enxurradas, inundações e torrentes assolaram o mundo; a tempestade e o dilúvio explodiam em fúria como dois exércitos em guerra. Na alvorada do sétimo dia o temporal vindo do sul amainou; os mares se acalmaram, o dilúvio serenou. Eu olhei a face do mundo e o silêncio imperava; toda a humanidade havia virado argila. A superfície do mar se estendia plana como um telhado. Eu abri uma janelinha e a luz bateu em meu rosto. Eu então me curvei, sentei e chorei. As lágrimas rolavam pois estávamos cercados por uma imensidade de água. Procurei em vão por um pedaço de terra. A quatorze léguas de distância, porém, surgiu uma montanha, e ali o barco encalhou. Na montanha de Nisir o barco ficou preso; ficou preso e não mais se moveu. No primeiro dia ele ficou preso; no segundo dia ficou preso em Nisir e não mais se moveu. Um terceiro e um quarto dia ele ficou preso na montanha e não se moveu. Um quinto e um sexto dia ele ficou preso na montanha.

Na alvorada do sétimo dia eu soltei uma pomba e deixei que se fosse. Ela voou para longe, mas, não encontrando um lugar para pousar, retornou. Então soltei uma andorinha, que voou para longe; mas, não encontrando um lugar para pousar, retornou. Então soltei um corvo. A ave viu que as águas haviam abaixado; ela comeu, voou de um lado para o outro, grasnou e não mais voltou para o barco.
Eu então abri todas as portas e janelas, expondo a nave aos quatro ventos. Preparei um sacrifício e derramei vinho sobre o topo da montanha em oferenda aos deuses. Coloquei quatorze caldeirões sobre seus suportes e juntei madeira, bambu, cedro e murta. Quando os deuses sentiram o doce cheiro que dali emanava, eles se juntaram como moscas sobre o sacrifício. Finalmente, então, Ishtar também apareceu; ela suspendeu seu colar com as jóias do céu, feito por Anu para lhe agradar. 'Oh, vós, deuses aqui presentes, pelo lápis-lazúli que circunda meu pescoço, eu me lembrarei destes dias como me lembro das jóias em minha garganta; não me esquecerei destes últimos dias. Que todos os deuses se reúnam em torno do sacrifício; todos, menos Enlil. Ele não se aproximará desta oferenda, pois sem refletir trouxe o dilúvio; ele entregou meu povo à destruição.'
"Quando Enlil chegou e viu o barco, ele ficou furioso. Enlil se encheu de cólera contra o exército de deuses do céu. 'Alguns destes mortais escaparam? Ninguém deveria ter sobrevivido à destruição.' Então Ninurta, o deus das nascentes e dos canais, abriu a boca e disse ao guerreiro Enlil: 'E que deus pode tramar sem o consentimento de Ea? Somente Ea conhece todas as coisas.'
Então Ea abriu a boca e falou para o guerreiro Enlil: 'Herói Enlil, o mais sábio dos deuses, como pudeste tão insensatamente provocar este dilúvio?
Inflige ao pecador o seu pecado,
Inflige ao transgressor a sua transgressão,
Pune-o levemente quando ele escapar,
Não exageres no castigo ou ele sucumbirá;
Antes um leão houvesse devastado a raça humana
Em vez do dilúvio,
Antes um lobo houvesse devastado a raça humana
Em vez do dilúvio,
Antes a fome houvesse assolado o mundo
Em vez do dilúvio.
Antes a peste houvesse assolado o mundo
Em vez do dilúvio.

Não fui eu quem revelou o segredo dos deuses; o sábio soube dele
através de um sonho. Agora reuni-vos em conselho e decidi sobre o que fazer com ele.'
"Enlil então subiu no barco, pegou a mim e a minha mulher pela mão e nos fez entrar no barco e ajoelhar, um de cada lado, com ele no meio. E tocou nossas testas para abençoar-nos, dizendo: 'No passado, Utnapishtim era um homem mortal; doravante ele e sua mulher viverão longe, na foz dos rios.' Foi assim que os deuses me pegaram e me colocaram aqui para viver longe, na foz dos rios."

E assim a história do dilúvio foi passada de pai para filho, por gerações e gerações, transpondo as barreiras entre os povos, chegando ao povo hebreu, cativos que foram dos babilônicos e dos assírios, e por eles chegou a nós, nos dias atuais.

Só queria postar isso, já que ainda falam de Noé, e agora fazem até filmes, e seria bom difundir ainda mais de onde veio essas histórias do dilúvio, originalmente, e não somente essa variante mais conhecida atualmente. É isso aí. Claro que vão aparecer aqueles que não raciocinam, se cegam e não aceitam fatos comprovados pq simplesmente não querem. É como disse no início do post: a verdade falada traz muitos inimigos, mas a mentira se mostra, no cotidiano da maioria das pessoas, extremamente aceitável e conveniente.
Enfim, não estou impondo que a história de Noé foi uma mentira e tal, só mostrei historicamente um povo, que nós conhecemos, e que tinha seus contos e lendas, de onde veio inicialmente a história hebraica do dilúvio e tal. O resto é com cada um e suas análises pessoais.

Ah, só lembrar também que a Epopéia de Gilgamesh, transcrita aqui, e uma das fontes para este post, mas de forma alguma a única, foi um poema achado em tábuas de argila sumerianas, encontradas em escavações no início do século passado.

 É isso aí.

Foi mal o resumão, nem mencionei minhas fontes direito também, nem falei (quase) nada sobre o assunto, mas era só pra trazer o relato original do dilúvio mesmo, que precedeu a que conhecemos em alguns milênios. É mais um Ctrl + c, Ctrl + v, rs, mas que tanto curto, que é as histórias dos povos antigos. É isso aí. Flws!

FÁBIO MATOS





domingo, 2 de dezembro de 2012

Curiosidade: ORIGEM DE REYKJAVÍK



ORIGEM DE REYKJAVÍK

Há alguns meses, nos meus “estudos” costumeiros sobre os povos escandinavos e tal, me deparei com a narração da descoberta e povoamento de Reykjavík, capital da Islândia, e quis compartilhar com vocês aqui.


Aí você pensa: "Reyk o quê??" ou: "Onde diabos fica a Islândia??"


Ok, vamos lá...

A Islândia é um país nórdico insular europeu, situado no Oceano Atlântico Norte. Seu território abrange a ilha homônima e algumas pequenas ilhas no Oceano Atlântico, entre a Europa continental e a Groenlândia. O país conta com uma população de cerca de 331.000 habitantes e uma área de 103.000 km².




  Museu em Skogar
                                                                  


Essa água quente deve ser uma maravilha, hehe... 
                                                 

Mulher Islandesa
                                                                   
 
Terra dos Puffins
  


Sua capital e maior cidade é Reykjavík, cuja área metropolitana abriga cerca de dois terços da população nacional. Localizada na Dorsal Meso-Atlântica, a Islândia é muito ativa vulcânica e geologicamente, o que define sua paisagem. O interior é constituído principalmente por um planalto caracterizado por campos de areia, montanhas e geleiras, enquanto vários grandes rios glaciais correm para o mar através das planícies. Aquecida pela Corrente do Golfo, a Islândia tem um clima temperado em relação à sua latitude e oferece um ambiente habitável. - Wikipédia

Reykjavik
                                                                          



Mera semelhança? hehe Acima, Igreja de Hallgrimskirkja, com estátua de Leif Eriksson à frente. Abaixo, imagem de Asgard, do filme "Thor"!




Prontos?? Ok, então...


Há muuuuito tempo atrás, Ingólfr Arnarson e Leif Hrodmarsson navegaram mais de 700 milhas pelo Atlântico Norte em busca de uma terra de gelo e lava, e com vida em abundância. Cerca de dez anos atrás, por volta do ano 860, um norueguês chamado Naddod e um sueco conhecido como Gardar, em ocasiões diferentes, foram empurrados para aquela costa por tempestades que açoitaram seus barcos.


 Poucos anos depois do fortuito descobrimento, outro aventureiro norueguês chegou àquelas bandas; ficou conhecido como Corvo-Flóki (em português. Seu nome, no original: Hrafna-Flóki Vilgerðarson), pois levara esses pássaros a bordo para que o ajudassem a localizar terra firme (é, isso mesmo, tipo Noé...).

Com sua família e alguns companheiros, foi surpreendido por um gélido inverno, uma experiência tão extrema que o levou a batizar a ilha como Ísland, do nórdico antigo "Ilha do Gelo" (Hoje Iceland, ou Islândia, aqui pra nós). - Daí a origem do nome ;)

Quando por fim o verão chegou, zarpou dali com pressa e completamente desapontado. Apesar do ocorrido, um de seus homens exaltou a Islândia como uma terra prometida onde "cada fiapo de grama vertia manteiga"

Ao contrário de Flóki, Ingólfr e Leif se prepararam com cuidado antes de levarem suas famílias para aquela ilha gelada. Conforme consta de uma das sagas islandesas, esta chamada de "Livro da Colonização", a primeira viagem à ilha foi uma missão de reconhecimento para comprovar se o local era realmente habitável.

Construíram um abrigo e ficaram lá por todo o inverno, descobrindo aliviados que, apesar do vento fortíssimo e da neve que cobria tudo, em certos momentos o tempo clareava, graças às correntes oceânicas quentes. À medida que a primavera avançava, vales e colinas eram tingidos de verde e a perspectiva de colonizar a ilha se tornava tão clara quanto as auroras boreais que iluminavam o firmamento noturno.



Decididos, os irmãos retornaram para a Noruega (seu país de origem). Ingólfr começou os preparativos para emigrar com a família, enquanto Leif zarpou para a Irlanda atrás de um butim que lhe permitisse começar bem a nova vida. Entre os objetos que saqueou, estava a enorme espada que utilizou nas suas expedições de pilhagem, e que motivou a alcunha de Hjorleif, literalmente "Leif, o da espada". Também trouxe consigo dez escravos irlandeses, mas veremos adiante que eles, como todo o butim, só atraíram desgraças.

Certa vez, retornando à Noruega, os meio-rmãos (com suas mulheres, parentes, escravos e um grupo de homens livres da vizinhança) lançaram-se ao mar em dois barcos: um deles, capitaneado por Ingólfr, seguia repleto de utensílios domésticos e gado, enquanto o outro carregava o produto das pilhagens na Irlanda.


 Hjorleif, confiante da própria força, não quis oferecer nenhum sacrifício aos deuses antes de soltar as amarras. Já Ingólfr, devoto, fez suas oferendas a Thor e levou a bordo as colunas sagradas da cadeira alta em que se sentava em casa, entalhada com imagens dos deuses.




 
Ao se aproximarem da costa sudeste da Islândia, Ingólfr lançou ao mar as colunas e prometeu que, onde os deuses as cuspissem de volta, lá se estabeleceriam.

Em seguida, os barcos se separaram.. Ingólfr desembarcou e saiu em busca das colunas, enquanto Hjorleif deixou que o vento o levasse até o oeste.  O suprimento de água a bordo acabou, mas a tripulação foi salva por uma chuva forte, que recolheram usando a vela. Finalmente Hjorleif desembarcou perto da ponta meridional da Islândia, longe do local onde Ingólfr havia fundeado seu barco. Os registros contam que Hjorleif se instalou confortavelmente, com sua tripulação, em duas casas comunais de mais de 30 metros de comprimento, onde passaram o inverno.
  
By: Casper Art

Logo que o tempo começou a melhorar, Hjorleif se dispôs a arar a terra; no entanto, havia apenas um boi entre os bens saqueados na Irlanda. Sem pensar duas vezes, emparelhou os escravos no arado junto com o boi. Os irlandeses eram homens orgulhosos, e consideraram indigno serem equiparados a animais de carga. Então, urdiram um plano: mataram o boi e disseram a Hjorleif que um urso fora o responsável pela carnificina, na esperança de que o norueguês  sairia à caça do animal para evitar novos ataques. Hjorleif não estava na ilha tempo suficiente para saber que os animais que habitavam a Islândia eram ursos polares, vistos de vez em quando sobre blocos de gelo à deriva nas àguas da costa setentrional.

Hjorleif e alguns homens saíram à caça daquela besta fantasmagórica, separando-se para percorrer um território maior. Imediatamente os caçadores se tornaram presas. Os escravos, extremamente raivosos pelo modo como haviam sido tratados, seguiram seus rastros e os mataram, um a um. Em seguida, fugiram para uma pequena ilha diante da costa, levando consigo Helga e as demais mulheres do assentamento. 

By: Casper Art


Os crimes não tardaram a ser descobertos. Pouco tempo depois, os companheiros de Ingólfr, ainda engajados na busca das fugidias colunas, encontraram o cadáver de Hjorleif e perceberam o que havia acontecido. "Ser assassinado por escravos é um triste fim para um homem de valor", lamentou seu meio-irmão, acreditando que Hjorleif havia sofrido um castigo por ter sido pouco devoto. "Este é o destino", concluiu, "daqueles que não estão dispostos a oferecer sacrifícios". Depois de enterrar as vítimas, Ingólfr foi ao encalço dos assassinos e conseguiu surpreendê-los enquanto se embriagavam. Matou alguns ali mesmo; os outros fugiram apavorados e morreram ao despencar de um penhasco. Ingólfr resgatou as mulheres, a quem ofereceu proteção, e continuou a busca pelas colunas sagradas.



By: Casper Art


By: Casper Art


Após algum tempo, dois de seus escravos, chamados Vifil e Karli, encontraram os pilares em uma enseada isolada, a oeste. Ingólfr cumpriu o prometido e se estabeleceu naquele local, que não se parecia  em nada com uma escolha dos deuses. As crateras vulcânicas dominavam, ameaçadoras, uma desolada planície vulcânica. Às vezes, uma espessa neblina avançava desde o mar até misturar-se com o vapor dos gêiseres e das mananciais  sulfurosos.  



Ingólfr batizou o lugar como Reykjavík, ou Baía Fumegante, que se tornaria a capital da Islândia.

Nem todos ficaram satisfeitos com o que os deuses lhes haviam proporcionado. "Atravessamos tantas terras promissoras para chegar a um lugar ruim", queixou-se o escravo Karli, que logo fugiu acompanhado por uma mulher, também escrava. 

No entanto, a maioria aceitou a decisão do chefe e permaneceram junto a ele. Um dos que ficaram foi o escravo Vifil, cuja atitude leal foi recompensada com a liberdade. Vifil, segundo a crônica, assentou-se em uma chácara e "viveu por muitos anos, durante os quais foi respeitado e estimado como um homem de bem".

Da persistência e dedicação de homens como Ingólfr e Vifil surgiu uma colônia unida por um profundo respeito às leis e à tradição, embora na sociedade islandesa também estivesse arraigado o espírito desafiador de pessoas como Karli e Hjorleif, incapazes de suportar qualquer restrição e dispostos a seguir seu próprio caminho, mesmo que arriscado. Ali, como em todo o mundo viking, tal atitude rebelde teve consequências negativas ao espalhar a discórdia, mas também propiciou as impressionantes expedições que conduziram os foragidos e aventureiros noruegueses até a Groenlândia e o litoral do Novo Mundo.



Ingólfr mandando assentar as colunas sagradas de sua cadeira alta. Pintura de Johan Peter Raadsig.

Estátua de Ingólfr Arnarson em Reykjavik


E é isso! 
Até a próxima...
HAIL THOR!!!
By: Casper Art


* Maior parte do texto retirado do volume "Escandinávia - Terra de Guerreiros e Navegantes" da coleção "Grandes Civilizações do Passado"